sábado, 19 de setembro de 2020

CELSO DANTAS DA SILVEIRA

 


CELSO DANTAS DA SILVEIRA - ASSU, PATRONO DA CADEIRA Nº 2, DA ACADEMIA ASSUENSE DE LETRAS, QUE TEM COMO ACADÊMICA A JORNALISTA
AURICÉIA ANTUNES DE LIMA

 

Poeta, ensaísta, jornalista, Celso Dantas da Silveira nasceu em 25 de outubro de 1929, em Assú, filho do poeta, jornalista e advogado, João Celso da Silveira Borges Filho e de Maria Leocádia de Medeiros Furtado da Silveira. Estudou, em Assú, no Colégio Nossa Senhora das Vitórias e nos colégios Castelo Branco e São João, em Fortaleza, concluindo o ginásio no Atheneu, em Natal. Cursou Jornalismo e Comunicação Social, na UFRN, trabalhou como professor da Escola Normal Regional de Assú e exerceu vários cargos na prefeitura de Natal.

 

Conheceu a poetisa Myriam Coeli quando trabalhavam no jornal A República; casaram-se em 1958 e tiveram dois filhos - o poeta Eli Celso e a jornalista Cristiana Coeli.
Foi um dos fundadores do Teatro de Amadores de Natal e, em 1956, recebeu, em Recife, o prêmio de melhor ator do Festival Nortista de Teatro Amador.

Estreou com 26 poemas do menino grande, em 1952, mas foi com o segundo, Imagem virtual, de 1961, também de poesia e em parceria com Myriam Coeli, que ganhou notoriedade nos meios intelectuais de Natal.

A sua obra é extensa e abrange gêneros e assuntos diversos, indo da poesia fescenina, aos causos, ao memorialismo. Fundou a editora Boágua que editou vários títulos.

Faleceu, em Natal, em 2 de janeiro de 2005. (CG)

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Biografia extraída de escritoresdorn.com.br, onde há também a lista completa dos livros do autor

 

 

 

 

PRECE AO PÔR-DO-SOL NO POTENGI

 

Sol

relógio astral tange o pêndulo

- sua bóia fluvial -

ritmo das maretas...

 

Assim, lentas, as águas

pára-raios / ponteiros

do mostrador coral

na lâmina do rio

vão reproduzindo

portugueses na foz,

franceses no Refoles,

holandeses nos Guarapes, asas

da Condor na Montagem,

naus inglesas no flutuante

do Passo da Pátria,

hidro-aviões Latecoére na Limpa,

pesqueiros no cais

do Canto do Mangue,

ioles a remo eriçando o estuário,

mel de cana no Ferreiro Torto,

imagem da Apresentação

na pedra do Rosário

e sob a vigilância e proteção

do cruzeiro da Igreja do Rosário dos Pretos

no alto da Cidade

o povo amado de Deus reza

pela salvação da terra, amém ...

 

 blog Antonio Miranda

http://www.antoniomiranda.com.br/

 

EPITÁFIO

 

Aqui jaz o poeta e não o canto que dele foi deflagrado como a flecha de um arco. Em cada intercessão do trajeto alcançado inércia e movimento ganham o mesmo compasso. Paro e passo, paripassu o canto e o silêncio para sempre viajado.

 

FONTE – BLOG DO MIRANDA

CELSO DANTAS DA SILVEIRA

 


Celso Dantas da Silveira nasceu em Assu/RN a 25 de outubro de 1929. Era filho do advogado, jornalista e poeta João Celso Filho e Maria Leocádia Furtado da Silveira. Estudou no Educandário Nossa Senhora das Vitórias, em Assu, e em Fortaleza/CE. Desde jovem, por seu talento, inteligência e desempenho profissional, logo se destacou no segmento político, cultural e intelectual desta cidade. Foi eleito vereador para a Câmara Municipal do Assu.

            Fundou, dirigiu e editou o Semanário “Advertência” que circulava no Vale do Assu. Como ator amador, integrou o elenco de atores do Grupo de Teatro Assuense de Estudantes. É autor de uma peça denominada “Também os Monstros Amam” cujo teor fazia crítica ao Movimento de Arte Moderna de 1922, especialmente à pintura moderna, estrategicamente, direcionada à produção dos artistas estrangeiros. Participou de várias montagens de peças na cidade do Assu.

            Atuou nos Grêmios Assuense de Representação e Coronel Wanderley de Representações. Ainda adolescente, desempenhou em uma peça teatral o papel de um palhaço denominado “Cruzado Impagável”, com severas críticas à economia e à política de então. Encenou a primeira peça, entre os nove e dez anos de idade, sob a direção da irmã Josefina, do Educandário Nossa Senhora das Vitórias da cidade de Assu. Dirigiu o Museu de Arte Popular do Assu (MAPA).

            Em 1950, Celso se muda para Natal cheio de sonhos, como todo jovem que deixa o “seu chão” para seguir pelas estradas da vida. Na bagagem, levava tudo que educa e eleva o homem: o que aprendeu com a família na Terra de São João Batista. Convidado, aceita integrar o grupo de teatro fundado por Sandoval Wanderley, teatrólogo assuense, que já residia em Natal, uma das maiores expressões do teatro amador do Estado e do Brasil.

            Celso foi premiado, em 1956, como melhor ator no II Festival Nortista de Teatro, no Teatro Santa Isabel, Recife/PE. Como ator convidado, esteve no II Festival Nacional de Teatro Amador, no Rio de Janeiro/RJ, oportunidade em que divulgava seu trabalho, o nome do Assu e do Estado. Visitou várias instituições culturais e de imprensa. Nos estúdios da Rádio Nacional, Rio de Janeiro, recitou com brilhantismo, encantando a todos, poemas de Renato Caldas, entre eles “O Remexedor”.

            Paralelamente às atividades teatrais, atua como jornalista na imprensa natalense e retoma seus estudos. É graduado em Jornalismo pela Faculdade de Jornalismo Elói de Souza, que funcionava na Fundação José Augusto. As duas instituições foram criadas pelo governador Aluízio Alves. Na faculdade, também foi professor. Tempos depois, essa instituição é incorporada a Universidade Federal do Rio Grande do Norte onde Celso também lecionou no curso de Jornalismo. Um dos mais expressivos jornalistas passou por inúmeros veículos de comunicação do Estado. Assumiu diversos cargos: repórter, redator, revisor, editor e diretor dos jornais Tribuna do Norte, Diário de Natal, A República e outros alternativos. Foi gestor da TV Universitária e Rádio Cabugi de Natal. No seu tempo, do seu jeito, Celso sempre enalteceu os valores humanos, a liberdade, a igualdade, zelando por todos, sem distinção de sexo, raça ou cor. Entende que todos devem ser tratados com igualdade perante a lei.

            Dizia da necessidade de uma lei universal e justa que a todos respeitassem, e que os direitos sejam garantidos sem nenhum caráter discriminatório. Como Cristão, professava a Fé Católica, sendo devoto e afilhado de Maria, a Mãe de Jesus. Ressaltava que, entre todos os valores fundamentais, está a defesa da vida com dignidade, em todas as instâncias. Tinha como parâmetro a democracia, por isso, afirmava, com veemência, que a toda pessoa humana é reconhecido o direito e o dever de participar na vida pública e cultural.

            Celso da Silveira foi o primeiro assessor de imprensa do Governo do Estado do Rio Grande do Norte. O cargo foi criado em 1961 pelo governador Aluízio Alves e confiado a Celso, que o exerceu com honradez. Também, por um período, foi assessor de imprensa do governador Monsenhor Walfredo Gurgel. Participou da equipe de assessores de imprensa de vários prefeitos de Natal. Integrou a equipe de comunicação do Sistema FIERN, sendo assessor de imprensa do SENAI por mais de dez anos.

            Aposentado da UFRN, era um educador em tempo integral. Na sala de imprensa da FIERN, onde atuavam vários jornalistas e estagiários, Celso ensinou técnicas de comunicação, a pedido dos próprios jornalistas e estagiários. Era um profundo conhecedor da literatura portuguesa. Aos jornalistas assuenses, o aviso: “somos os mais cobrados, porque nascemos em uma cidade com tradição nas Letras e nas Artes, portanto, vamos primar pelo bom texto”.

            Sua obra literária tem início com a publicação do livro “26 poemas do Menino Grande”, lançado em 1952. Deixou expressivas publicações, entre as quais, Imagens Virtuais, poemas que escreveu com a poetisa, jornalista e escritora Myrian Coeli; Poesia Agora; Glosa Glosarium; No Reino da Arisia; Versicanto; Assú – Gente, Natureza e História; Giros, Girolas, Geringonças – A Fala Criativa do Povo; e O Homem ri de Graça.

            Sobre o livro “26 Poemas do Menino Grande”, disse o jornalista e escritor Luís da Câmara Cascudo: “Não há nada igual na bibliografia do Rio Grande do Norte”. Afirmação que leva a várias interpretações. O livro foi alvo de severas críticas e acirradas polêmicas. Assim é o início da vida literária dessa figura humana maravilhosa que foi (e sempre será), Celso da Silveira, que sabia a hora de fazer acontecer.

            Para Celso, o poeta assuense João Lins Caldas foi o maior do universo. Enquanto que a sua própria poesia era bissexta e que só escrevia sob inspiração, razão pela qual se considerava um poeta à moda antiga, mas ao mesmo tempo se considerava um poeta moderno.

            Celso foi um dos pioneiros no Estado, ao lado de Oswaldo Lamartine, no gênero literário das poesias fesceninas. Com essa faceta humorística, trouxe controvérsias. Nenhuma novidade na literatura mundial. No Brasil, o poeta Carlos Drummond de Andrade também enveredou nessa linha com um soneto. Celso fundou a editora “Boagua” e nesta publicou importantes livros de renomados autores do Estado, praticamente a custo zero. Celso era um pesquisador da cultura popular e apaixonado pela vida.

            Ao completar 50 anos de vida literária e de atuação profissional, Celso realizou exposição comemorativa no Salão Nobre da Capitania das Artes em Natal. Um dos eventos dos mais prestigiados que tinha como tema: “50 anos de vida literária de Celso da Silveira”, aberto no dia 19 de abril de 2002. No Rio Grande do Norte, o ano de 2002 foi a ele dedicado. Era o tempo das celebrações de uma vida plena.

         Foi o reconhecimento da sociedade norte-rio-grandense ao jornalista Celso por honrar a profissão, contribuir para a cultura nas suas diversas linguagens, ser um cidadão de bem, e ter conduzido sua vida nos princípios da ética e da moral. A exposição também foi realizada em Assu, sendo bem prestigiada com a presença de muitas escolas. Na solenidade de abertura, eu o representei (uma distinção que sempre agradecerei) porque Celso estava com problemas de saúde. Ele foi eleito para o Instituto Histórico e Geográfico do RN no dia 25 de março de 1997 e empossado no dia 11 de junho do mesmo ano, na gestão do escritor e saudoso Enélio Lima Petrovich.

            Celso faleceu a 2 de janeiro de 2005, aos 75 anos, em Natal, e foi sepultado no Cemitério Parque de Nova Descoberta. A Missa de Sétimo Dia, em 8 de janeiro de 2005, celebrada na intenção da sua boa alma, foi oficiada pela sacerdote assuense, Pe. José Nazareno, na Igreja Matriz de São João Batista, no bairro de Lagoa Seca em Natal. No mesmo dia e horário, foi celebrada Missa na Igreja Matriz de São João Batista do Assu, presidida pelo Pároco Pe. Francisco Canindé dos Santos.

            Celso foi casado com a escritora e poetisa Myriam Coeli de Araújo Dantas da Silveira com quem teve dois filhos: Eli Celso de Araújo Dantas da Silveira e Cristiana Coeli de Araújo Dantas da Silveira. Viúvo, casou-se com Maria de Lourdes da Silveira e teve um filho, João Brasil Radam da Silveira.

            Finalizamos lembrando que, certa vez, o Acadêmico da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Professor Manoel Onofre Júnior, perguntou a Celso por que ele não se candidatava a uma cadeira na Academia. Celso desconversou. Então, disse o professor Onofre: “a modéstia é um dos traços principais da sua personalidade. De qualquer modo, você vale por uma Academia, embora não se dê conta disso”.

            Este é Celso, o Patrono da Cadeira nº 2 que assumo na Academia Assuense de Letras, com honradez e alegria por seus grandes feitos que enchem de orgulho seus conterrâneos. Por seu contributo notável, obrigada!

 

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NO BRASIL, A PESSOA HONESTA SOFRE PERSEGUIÇÕES EM TODOS OS ASPECTOS, TANTO PELA SOCIEDADE COMO POR PARTE DE NOSSAS AUTORIDADES; SE ASSIM CONTINUAR, O SER HUMANO NUM FUTURO BEM PRÓXIMO PAGARÁ UM PREÇO MUITO ALTO. ESTAMOS CAMINHANDO NUM BECO SEM SAÍDA E LOGO CHEGAREMOS NO PAREDÃO FINAL, OU SEJA, O FIM DO SER HUMANO, COM MUITA DOR E SOFRIMENTO

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