Celso Dantas da Silveira nasceu em Assu/RN a 25 de outubro de
1929. Era filho do advogado, jornalista e poeta João Celso Filho e Maria
Leocádia Furtado da Silveira. Estudou no Educandário Nossa Senhora das
Vitórias, em Assu, e em Fortaleza/CE. Desde jovem, por seu talento,
inteligência e desempenho profissional, logo se destacou no segmento político,
cultural e intelectual desta cidade. Foi eleito vereador para a Câmara
Municipal do Assu.
Fundou, dirigiu e editou o Semanário “Advertência” que circulava no Vale do
Assu. Como ator amador, integrou o elenco de atores do Grupo de Teatro Assuense
de Estudantes. É autor de uma peça denominada “Também os Monstros Amam” cujo
teor fazia crítica ao Movimento de Arte Moderna de 1922, especialmente à
pintura moderna, estrategicamente, direcionada à produção dos artistas
estrangeiros. Participou de várias montagens de peças na cidade do Assu.
Atuou nos Grêmios Assuense de Representação e Coronel Wanderley de
Representações. Ainda adolescente, desempenhou em uma peça teatral o papel de
um palhaço denominado “Cruzado Impagável”, com severas críticas à economia e à
política de então. Encenou a primeira peça, entre os nove e dez anos de idade,
sob a direção da irmã Josefina, do Educandário Nossa Senhora das Vitórias da
cidade de Assu. Dirigiu o Museu de Arte Popular do Assu (MAPA).
Em 1950, Celso se muda para Natal cheio de sonhos, como todo jovem que deixa o
“seu chão” para seguir pelas estradas da vida. Na bagagem, levava tudo que
educa e eleva o homem: o que aprendeu com a família na Terra de São João
Batista. Convidado, aceita integrar o grupo de teatro fundado por Sandoval
Wanderley, teatrólogo assuense, que já residia em Natal, uma das maiores
expressões do teatro amador do Estado e do Brasil.
Celso foi premiado, em 1956, como melhor ator no II Festival Nortista de
Teatro, no Teatro Santa Isabel, Recife/PE. Como ator convidado, esteve no II
Festival Nacional de Teatro Amador, no Rio de Janeiro/RJ, oportunidade em que
divulgava seu trabalho, o nome do Assu e do Estado. Visitou várias instituições
culturais e de imprensa. Nos estúdios da Rádio Nacional, Rio de Janeiro,
recitou com brilhantismo, encantando a todos, poemas de Renato Caldas, entre
eles “O Remexedor”.
Paralelamente às atividades teatrais, atua como jornalista na imprensa
natalense e retoma seus estudos. É graduado em Jornalismo pela Faculdade de
Jornalismo Elói de Souza, que funcionava na Fundação José Augusto. As duas
instituições foram criadas pelo governador Aluízio Alves. Na faculdade, também
foi professor. Tempos depois, essa instituição é incorporada a Universidade
Federal do Rio Grande do Norte onde Celso também lecionou no curso de
Jornalismo. Um dos mais expressivos jornalistas passou por inúmeros veículos de
comunicação do Estado. Assumiu diversos cargos: repórter, redator, revisor,
editor e diretor dos jornais Tribuna do Norte, Diário de Natal, A República e
outros alternativos. Foi gestor da TV Universitária e Rádio Cabugi de Natal. No
seu tempo, do seu jeito, Celso sempre enalteceu os valores humanos, a
liberdade, a igualdade, zelando por todos, sem distinção de sexo, raça ou cor.
Entende que todos devem ser tratados com igualdade perante a lei.
Dizia da necessidade de uma lei universal e justa que a todos respeitassem, e
que os direitos sejam garantidos sem nenhum caráter discriminatório. Como
Cristão, professava a Fé Católica, sendo devoto e afilhado de Maria, a Mãe de
Jesus. Ressaltava que, entre todos os valores fundamentais, está a defesa da
vida com dignidade, em todas as instâncias. Tinha como parâmetro a democracia,
por isso, afirmava, com veemência, que a toda pessoa humana é reconhecido o
direito e o dever de participar na vida pública e cultural.
Celso da Silveira foi o primeiro assessor de imprensa do Governo do Estado do
Rio Grande do Norte. O cargo foi criado em 1961 pelo governador Aluízio Alves e
confiado a Celso, que o exerceu com honradez. Também, por um período, foi
assessor de imprensa do governador Monsenhor Walfredo Gurgel. Participou da
equipe de assessores de imprensa de vários prefeitos de Natal. Integrou a
equipe de comunicação do Sistema FIERN, sendo assessor de imprensa do SENAI por
mais de dez anos.
Aposentado da UFRN, era um educador em tempo integral. Na sala de imprensa da
FIERN, onde atuavam vários jornalistas e estagiários, Celso ensinou técnicas de
comunicação, a pedido dos próprios jornalistas e estagiários. Era um profundo
conhecedor da literatura portuguesa. Aos jornalistas assuenses, o aviso: “somos
os mais cobrados, porque nascemos em uma cidade com tradição nas Letras e nas Artes,
portanto, vamos primar pelo bom texto”.
Sua obra literária tem início com a publicação do livro “26 poemas do Menino
Grande”, lançado em 1952. Deixou expressivas publicações, entre as quais,
Imagens Virtuais, poemas que escreveu com a poetisa, jornalista e escritora
Myrian Coeli; Poesia Agora; Glosa Glosarium; No Reino da Arisia; Versicanto;
Assú – Gente, Natureza e História; Giros, Girolas, Geringonças – A Fala
Criativa do Povo; e O Homem ri de Graça.
Sobre o livro “26 Poemas do Menino Grande”, disse o jornalista e escritor Luís
da Câmara Cascudo: “Não há nada igual na bibliografia do Rio Grande do Norte”.
Afirmação que leva a várias interpretações. O livro foi alvo de severas
críticas e acirradas polêmicas. Assim é o início da vida literária dessa figura
humana maravilhosa que foi (e sempre será), Celso da Silveira, que sabia a hora
de fazer acontecer.
Para Celso, o poeta assuense João Lins Caldas foi o maior do universo. Enquanto
que a sua própria poesia era bissexta e que só escrevia sob inspiração, razão
pela qual se considerava um poeta à moda antiga, mas ao mesmo tempo se
considerava um poeta moderno.
Celso foi um dos pioneiros no Estado, ao lado de Oswaldo Lamartine, no gênero
literário das poesias fesceninas. Com essa faceta humorística, trouxe
controvérsias. Nenhuma novidade na literatura mundial. No Brasil, o poeta
Carlos Drummond de Andrade também enveredou nessa linha com um soneto. Celso
fundou a editora “Boagua” e nesta publicou importantes livros de renomados
autores do Estado, praticamente a custo zero. Celso era um pesquisador da
cultura popular e apaixonado pela vida.
Ao completar 50 anos de vida literária e de atuação profissional, Celso
realizou exposição comemorativa no Salão Nobre da Capitania das Artes em Natal.
Um dos eventos dos mais prestigiados que tinha como tema: “50 anos de vida
literária de Celso da Silveira”, aberto no dia 19 de abril de 2002. No Rio
Grande do Norte, o ano de 2002 foi a ele dedicado. Era o tempo das celebrações
de uma vida plena.
Foi o
reconhecimento da sociedade norte-rio-grandense ao jornalista Celso por honrar
a profissão, contribuir para a cultura nas suas diversas linguagens, ser um
cidadão de bem, e ter conduzido sua vida nos princípios da ética e da moral. A
exposição também foi realizada em Assu, sendo bem prestigiada com a presença de
muitas escolas. Na solenidade de abertura, eu o representei (uma distinção que
sempre agradecerei) porque Celso estava com problemas de saúde. Ele foi eleito
para o Instituto Histórico e Geográfico do RN no dia 25 de março de 1997 e
empossado no dia 11 de junho do mesmo ano, na gestão do escritor e saudoso
Enélio Lima Petrovich.
Celso faleceu a 2 de janeiro de 2005, aos 75 anos, em Natal, e foi sepultado no
Cemitério Parque de Nova Descoberta. A Missa de Sétimo Dia, em 8 de janeiro de
2005, celebrada na intenção da sua boa alma, foi oficiada pela sacerdote
assuense, Pe. José Nazareno, na Igreja Matriz de São João Batista, no bairro de
Lagoa Seca em Natal. No mesmo dia e horário, foi celebrada Missa na Igreja
Matriz de São João Batista do Assu, presidida pelo Pároco Pe. Francisco Canindé
dos Santos.
Celso foi casado com a escritora e poetisa Myriam Coeli de Araújo Dantas da
Silveira com quem teve dois filhos: Eli Celso de Araújo Dantas da Silveira e
Cristiana Coeli de Araújo Dantas da Silveira. Viúvo, casou-se com Maria de
Lourdes da Silveira e teve um filho, João Brasil Radam da Silveira.
Finalizamos lembrando que, certa vez, o Acadêmico da Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras, Professor Manoel Onofre Júnior, perguntou a
Celso por que ele não se candidatava a uma cadeira na Academia. Celso
desconversou. Então, disse o professor Onofre: “a modéstia é um dos traços
principais da sua personalidade. De qualquer modo, você vale por uma Academia,
embora não se dê conta disso”.
Este é Celso, o Patrono da Cadeira nº 2 que assumo na Academia Assuense de
Letras, com honradez e alegria por seus grandes feitos que enchem de orgulho
seus conterrâneos. Por seu contributo notável, obrigada!